O marido acha duas rottweilers pouca coisa para garantir a segurança de nossa casa, além, claro, das grades, câmeras, alarme e das duas cadelinhas cofaps, para as quais, nem uma barata passa desapercebida. Sabendo disso, um amigo, ao receber a oferta de um filhote, também de rottweiler, ofereceu-o a ele, alertando-o, porém, de que ele talvez não tivesse a raça pura. Ao ver uma foto dos bichinhos,  ele se convenceu de que eles, se não são puros, têm predominância das características da raça. Como o objetivo das cachorras é apenas a guarda de nosso patrimônio, a despeito dos meus protestos, sábado de manhã ele saiu para buscar, não um, mas duas filhotinhas para nossa matilha.
As fotos, embora fiéis, não permitiram perceber o tamanho dos cãezinhos. Assim, ele ficou extremamente decepcionado ao perceber que o pai da ninhada muito provavelmente tem porte pequeno. Se bobear, era um pintcher. Eu queria estar lá para ver a cara dele. Eu queria mesmo ter uma filmadora para registrar esse momento "ad eternum". Constrangido em recusar os cavalos dados somente pelos dentes pequenos demais para manter a bandidagem longe de nossos domínios, o marido pegou as duas pintcherweillers e trouxe para casa. O amigo, que o acompanhava, depois que se afastaram um pouco, parou o carro e disse:
- Vimos que você pegou as cachorrinhas só porque ficou sem graça de recusá-las...
- Vai mesmo ficar com elas? Vê lá!! Não vai soltar as bichinhas pela estrada. A gente fica com elas - completou a esposa dele.
- Quequeísso, gente!? Eu jamais faria isso.  Além disso, a Nena é voluntária da sociedade protetora de animais em Brasília, vai adorar as virinhas.
Eu, sem saber de nada, em casa, já pensava em nomes de mulheres fortes do cinema e televisão para dar a elas, seguindo o padrão iniciado pela She-Ra e a Xeena: Red Sonja, Lara Croft, Sarah Connors. Ao ver as pequerruchas, mudei de idéia. Enquanto pensávamos em personagens mais adequados, um barulho assustou tanto uma delas que só pude lembrar o Leão, da terra de Oz. Leão, Leo: Lea. Pronto. Nossos novos bebês têm nomes: Lea e Bia. E viva Oswaldo Montenegro!
Quando as viu, o marido ficou tão sem rumo que nem lembrou de perguntar nada sobre elas. Não sabemos quantos dias têm, se já tomaram alguma vacina ou o vermífugo. Agora é correr atrás dessa informação, visitar a veterinária, providenciar um lugar onde elas fiquem protegidas pois as outras filhotonas, cinco meses, vinte e quatro quilos cada uma, adoraram os brinquedinhos novos, aos quais não poupam patadas e pisões, na ânsia de convidar aos folguedos...
De qualquer modo, adorei as vira-latinhas. Sempre quis mesmo adotar cãezinhos e dar uma chance a eles. Fazer um pouco do que eu digo que os outros devem fazer. Preferia retirar das ruas algum adulto vítima de maus-tratos ou em situação de risco. Mas, já é um começo.
Só uma coisa me preocupa. O marido não se dará por satisfeito. Não demora muito ele irá voltar a se preocupar com a segurança. Achando que Bia e Lea não assustarão ninguém, logo logo vai querer mais cachorros grandes. Dou conta, não.