Textos



Transplantes

 
Se quer dar seu coração a alguém,
faça o cadastro como doador de órgãos,
compensa mais.
Tati Bernardi
 
Nesta quarta-feira, a Rede Globo apresentou uma reportagem sobre transplantes de órgãos e tecidos.
Você sabia que o Brasil é referência mundial em transplantes de órgãos, só ficando atrás dos EUA em total de cirurgias? Pois é. Eu não sabia.
O que eu também não sabia é que o número de famílias que não autoriza a doação vem aumentando no País e isto provocou a queda nos números de transplantes realizados este ano. A meta da ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, que era de 17 doadores por milhão de habitantes teve que ser revista para 15 a 15,5.
Há muitos motivos para que as pessoas se recusem a doar os órgãos de seus entes queridos. Um deles é a urgência da resposta num momento de dor e luto, o que dificulta às famílias o discernimento para a tomada da decisão.
Por estar ligado à morte, tema proibido, este é um assunto também evitado. Muitos não sabem, por exemplo, o que diz sua religião a respeito e acabam rejeitando a doação por medo de estar agindo em desacordo com os dogmas de sua fé.
Outros associam os procedimentos a mutilações e os rejeitam por isso.
Mais tempo para pensar talvez ajudasse a lembrar que um único doador tem a chance de salvar ou melhorar a qualidade de vida de até 25 pessoas, incluindo crianças. São 2 rins, 2 pulmões, coração, fígado e pâncreas, 2 córneas, 3 válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal, crista ilíaca, cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fascia lata, veia safena, pele e até as mãos.
Manifestar aos seus, em vida, o seu desejo de ser doador, é uma maneira de suavizar-lhes esta carga em momento tão difícil. Avise a cada um dos membros da família e reitere sempre essa sua vontade. Assim, ela terá mais chances de ser lembrada quando for a hora.
Eu sou doadora. Aliás, seguindo o exemplo dos apresentadores do telejornal, aproveito para deixar isso expresso, não apenas aos meus, mas a todos que me leem.
Depois que meu espírito se for, nada mais desta carcacinha me será útil. Que seja, então, a quem precisa.
Tudo bem cuidadinho, só desaconselho a cabeça: de memória fraca e pouco juízo, já basta o que sofro eu.

 
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 15/05/2015


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